quarta-feira, 29 de abril de 2009



A Caligrafia


O 25 de Abril modificou a vida de muitas pessoas. Eu, por exemplo, trabalhava na hotelaria, mas vi-me obrigada a mudar de profissão. Fui procurar um velho diploma, que anos e anos rolara nas minhas gavetas e graças às minhas habilitações do Curso Comercial da antiga Escola Comercial e Industria António Augusto de Aguiar do Funchal, candidatei-me para o 12º grupo C Grafias que leccionava as disciplinas de Caligrafia, Dactilografia, Estenografia e Práticas de Secretariado. Como era principiante na profissão foi-me atribuído um horário de Caligrafia. Foi uma boa experiência.


O Alfabeto


Ensinar Caligrafia é geralmente monótono, mas foi um meio de angariar $$$ escudos, eu gostei! São lindos os traços, ora subindo ora descendo, como a vida nas suas vertentes.
O elegante A lembra amor, altruísmo. O F fascina-me, JJJ juntos, enfileirados, jovens que nos olham com vontade de aprender, meio de lhes dar outra perspectiva do Mundo e da Vida, ajudá-los a abrir novos caminhos, saber ser, além de conhecer, saber estar, como vestir, conhecer indispensáveis regras de etiqueta, servir com graça um café, enfim, preparar-se dum modo especial para a profissão de Secretária no vasto sentido da palavra.
Os Bês, traços finos para o alto, grossos na descida, lembram bêbado quando cai esparramado à beira dum muro, pode cair, pode morrer, se morre a urbe fica mais bela.
O I=& comercial é atento, cumprimentador, ligado ao O, tão castiço e ao G rico em curvas que lhe dão beleza, fazem-nos ler:


Obrigado,
Graça Gouveia


As letras ele há-as belas, as do alfabeto que nos permitem traduzir estados de alma, beleza, mas os eLes também podem ser falsos, podem traduzir lascívia, um olhar sujando uma bela manhã que devia ser limpa. As letras de câmbio são traiçoeiras, derrotam, matam, juntas podem perfazer metros e metros que conduzem à ruína. Eles leva-as o vento, para que um raio as parta.
Os algarismos são díspares, o 24 a recordar dia de casamento, o 25 que todos festejam, mas para alguns sinónimo de perda, prejuízo.
Os eNes, nuvens, afoguem as horas tristes e os eMes de maternidade, de irmã, venham iluminar a minha mente.
As minhas preferidas são os eFes tão deslizantes, arrematados por um laço lembram felicidade, mas o D é a minha predilecta, acrescento-lhe um discreto E, remato com um Us e aparece-me

DEUS
“Que faz da eternidade um só dia feliz” (in Liturgia das Horas)

MARIA80

domingo, 12 de abril de 2009


PÁSCOA 2009

ALELUIA ALELUIA
O SENHOR RESSUSCITOU
Votos de Feliz Páscoa a todos os meus amigos, com um grande abraço da
MARIA80

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O meu crucifixo Sexta Feira Santa



O MEU CRUCIFIXO
É a luz que me ilumina
O sol que me aquece
A doçura que me embriaga
O alimento que me dá força
A fortaleza onde repouso
O oceano onde mergulho
A beleza que me encanta.
EDITORIAL FRANCISCANA

terça-feira, 7 de abril de 2009

Senhor Cardoso


O SR. CARDOSO
Como poderei esquecer o Sr. Cardoso! Homem que infernizou a minha infância com seus tratamentos, prescrições e doutos conselhos quanto à saúde.
Actualmente seria dietista, homeopata, osteopata, reflexologista e muito mais, mas no seu tempo era apenas o Sr. Cardoso – o massagista.
Tinha o seu ginásio na Rua do Bispo; estou a vê-lo louro, olhos azuis, braços musculosos cobertos de fartos pelos dourados que lembravam uma ceara madura.
Os seus pacientes tinham os mais variados padecimentos como variados eram os seus conhecimentos: um rapazinho muito débil, que quase nem voz tinha, após o devido tratamento cresceu, fortaleceu e no seu devido tempo…multiplicou-se; uma esposa que não gerava filhos…engravidou e deu à luz uma Joaninha, graças aos conhecimentos do Sr. Cardoso. Mais tarde, essa bebé, já mulherzinha, encantou os amantes de música erudita com sua voz melodiosa.
Minha irmã era uma magrizela, macilenta, as pernas rivalizavam com as da Olívia Palito; eu, baixinha entroncada, dizia-se em casa que saía à tia Filomena, que era muito “grossa”. Com exercícios físicos alimentação natural (que desgraça) crescemos normalmente e livrámo-nos duma “fraqueza” que era o receio e obsessão da nossa mãe. Mas principiou o tormento!
-Sopas cozinhadas à última hora, de agrião, beterraba ou couve, nabo e cenoura, tudo isto quase cru, para não se perderem as vitaminas.
- Banhos de mar a partir das 8 horas da manhã, cronometrados, exposição ao sol proibida, pois os excessos levavam muitos jovens ao sanatório. A minha mãe “bebia” estas sugestões e não cedia um milímetro. Assim as idas ao Lido faziam-se na frescura da manhã; por volta do meio -dia, quando regressávamos tristemente a casa, encontrávamos as amigas chegando radiantes com a perspectiva de um dia cheio de sol. Que raiva!!!
Depois do almoço era também obrigatório fazer repouso; vejo-me deitada no sofá, bem pertinho do relógio da avó, que ia marcando arrastadamente os minutos da meia hora que nos era exigido descansar.
- Constipações: meia chávena de sumo de cebola, em jejum.
-Gripes: água de pêro e cebola com sumo de limão, que deveria ser bebida de copo em copo ao longo do dia. À noite, para aliviar as dores do corpo, massagens com rodelas de limão quentes. Era de arrasar!
Mas agora, que sou octogenária, penso no Sr. Cardoso. Quem sabe se ele não corrigiria um dedo do meu pé, que teima em curvar-se servilmente ao meu sapato de marca o que me tira o prazer de passear na minha bela cidade?!

MARIA80

Parabens !!!



Parabéns Maria80!!!


Tomei a liberdade de entrar no blogue da minha avó para dizer que ela hoje faz 82 anos, ou seja já anda na net à 2!!!!


Muitas felicidades e muitos mais anos de vida!!!!!
Beijinhos da Carolina