sábado, 20 de fevereiro de 2010



DIÁLOGO COM O MAR,

Ódio

Somos vizinhos, todas as manhãs olho-te da minha janela, mas por vezes nem te cumprimento e tu, oh mar, ocupado no teu vaivém nem dás pela minha falta de cortesia.
Sabes porque te aborreço? Oprimes-me aqui fechada numa ilha cercada de espuma, qual bolo rodeado por “chantlly”, mas apesar de me sentir tua prisioneira gosto de dialogar contigo. Roubaste-me o meu bocado de céu, o meu bocado de mundo. Adorava ser anónima e percorrer avenidas cheias de ruído próprio de uma grande cidade, não recear encontrar-te ao virar de uma esquina; olhar gordos autocarros prontos a “parir” uma ninhada de gente, em cada paragem do seu percurso; sentir a Primavera nos rebentos das árvores. E meus amigos? Aos poucos foram desaparecendo e nem lhes disse adeus.
Houve tempo em que te pedi encarecidamente que, com tantas pedras que tens no teu fundo, me arranjasses um caminhinho, só para mim, para que eu correndo, correndo fosse lá ver o que tinha deixado e correndo, correndo, voltasse para a minha solidão. Sabes o que é Saudade? É o desejo de voltar a ver lugares onde fomos felizes. E qual foi a tua resposta? Caminho?! Já não bastou o caminho que as caravelas me abriram para chegar ao Oriente. Se desejasse ser rasgado teria ajudado os soldados do Faraó a atravessar o Mar Vermelho.
Agora, adivinho-te, és cruel, indomável e esmagador. És matreiro, fazes amizade com o vento e cobres-te de “ovelhinhas” a ver se atrais algum pastor, também com esse aliado retiveste uma caravela, além no horizonte, que trazia um lindo vestido de noiva que chorosa teve que adiar o seu casamento até que decidisses pedir ao teu amigo que enfunasse as velas do barco.
Decididamente odeio-te, quando chegar ao meu fim não quero ser reduzida a cinzas e atirada às tuas águas, quero terra fofa donde brotam flores coloridas e perfumadas.

Amor

Sabes quando me conquistaste? Eu sei e já te conto: Há alguns anos atrás, foi planeado em família, passar uns dias de férias no Porto Moniz. Como ainda não tínhamos carro, um chauffeur de praça nosso vizinho, o snr. Francisco Roque, levou-nos até lá. Era um excelente condutor, apitava em todas as curvas e era um conversador exaustivo, explicava tudo, tudo, certo ou errado, referia-se às leis da Física para justificar o ruído que o carro produzia ao passar nos cubos de cimento, colocados à beira da estrada. Sabia os nomes das fajãs, rochedos e suas lendas.
Para me alhear de tanta informação, pois nesse tempo a viagem era longa, deixei-me enlevar pela beleza dos caminhos…olha, além, uma capelinha tão pitoresca, ladeada por duas árvores frondosas, adequava-se a um casamento furtivo. À subida da Encumeada, tentava “apanhar” alguns farrapinhos de nevoeiro, que corriam perdidos da mãe. E as casinhas isoladas trepando montanha acima!!!
E o táxi sempre a apitar despertando a floresta que ainda não acordara; os novelos à beira da estrada alindavam-se para conquistar quem por eles passava.
À saída de S. Vicente e iniciando a percorrer a estrada á tua beira, deslumbraste-me com tanta beleza, oh mar, as praias de calhaus que chupavas ruidosamente ao escorregares entre as pedras; as rochas, altivas, impenetráveis que lambias constantemente com tua espuma; as poças, ora cheias ora vazias conforme a tua agitação.
Além, nas piscinas, a água leve, leve, como que gaseificada, ficou retida por um colar de rochas , aos recortes qual caseado de bordado Madeira, e permite aos visitantes o prazer de um excelente banho. Aproximo-me, convidas-me a entrar, molho os pés, e tu, num movimento de empatia, acaricias minha pele, como um namorado a tactear a sua amada. Rendo-me ao teu amor, vem, dá-me um abraço de vento, um eterno abraço de tempo.
Maria80










quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


MARGARIDA, Flor,

as suas palavras elogiosas fizeram de mim um "poço de vaidade", defeito este que eu sempre tenho combatido ao longo da minha longa vida.
O seu nome veio embelezar o meu jardim e também me trouxe doces recordações. Fiquei feliz por me ter encontrado no infindável espaço da net.


Teresa