terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pascoa 2008


Um poeta madeirense deixou-nos um poema que nos faz reviver a quadra litúrgica da Quaresma.


HORA DE NOA
Quando na cruz, ao pôr-do-sol, morreu
O pálido rabi da Galileia,
Tudo em redor no mundo escureceu
Só o espírito místico vagueia.

No nosso pensamento anoiteceu
A luz da vida, e aniquilou-se a ideia;
Tudo depois, tudo se perdeu
No caos da sombra, negra maré cheia!

E uma chaga no corpo magro e hirto
Se transformou em flor de mirto,
Na hora em que Ele encerrava os olhos pretos.

Hora de Noa, hora d’oiro e sangue…
E assim, no cálice dessa flor exangue,
Eu molho a pena, e escrevo os meus sonetos

Hora de Noa, 1917
CABRAL DO NASCIMENTO

Sem comentários: