domingo, 23 de maio de 2010

CORAÇÃO PARTIDO


Meu coração deu um salto e caiu inesperadamente no chão, quiz apanhá-lo mas não consegui, voou para longe, longe!

Ele sempre foi maroto e de vez em quando pregava-me umas partidinhas, mas cair, fugir... foi uma primeira e dolorosa experiência.

Apareceu-me a Tristeza para carregar ainda mais minha triste tristura; é uma amiga indesejável que aparece sem ter sido convidada e cola-se, cola-se não há como livrar-me dela! Juntas tomamos o pequeno almoço, obriga-me a engolir sonhos e suspiros. Juntas, com indiferença, lemos o diário, política, desporto, acidentes mais ou menos graves, necrologia, aí sim, vejo com certo interesse qual a agência funerária que tem mais clientela! Até a Tristeza se ri! E neste contexto sugere-me a ideia de um lindo coração de cravos rubros, avermelhados pelo meu amor e ternura para preencher o vácuo deixado pelo meu fugitivo.

Esperam-me dias vazios, quantos? Vamos ao jardim mas noto que a sombra da Tristeza apaga o viço e a beleza das minhas flores, as folhas das árvores esticam-se, tristes, procurando o chão.
Passa, lá no céu, um avião, deixando atrás de si um rasto de liberdade, olho-o, endo os braços
e peço: leva-me para o desconhecido, onde poderei ser feliz, mas a minha companheira prende-me ao ler os meus pensamentos.

Por vezes, penso no meu coração, onde estará? Vai voltar de certeza, mas mais pequenino e cheio de cicatrizes, para o arrumar no seu canto, vou ter que aconchegá-lo carinhosamente.
A noite cai, é hora de deitar, vou para a cama, abraço-me á Tristeza e sonho com cravos vermelhos.

Maria80

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