terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A casa da minha amiga Paz


SANTO DA SERRA
A CASA DA MINHA AMIGA PAZ

Quero falar da minha amiga Paz, com quem convivo quase diariamente, com paciência ouve-me, compreende-me, acompanha-me. Por vezes afasta-se, mas volta sempre, cada vez mais amiga, mais transparente.

Só agora me convidou a ir a sua casa, lá no alto, no meio das montanhas. Preparo-me para a visitar, mas primeiro acomodo a Inquietação, muito confortavelmente, não vá ela fazer-me a partida de lá ir ter comigo. Levo o Riso pois sei que a Paz vai gostar da sua presença.

Após um percurso ziguezagueado, vejo-me em plena serra , com aquele perfume que lhe é peculiar de folha abandonadas, feiteiras, pinheiros, velhos troncos que a humidade persistente apodreceu. À minha frente um semicírculo de árvores, que, como um biombo verde dá intimidade a tanta grandeza.

A Paz chama-nos lá do alto e subitamente encontramo-nos na sua casinha, tão confortável, coberta de agulhas carinhosas, como um grande ninho feito de amor . O Riso debruça-se logo para se divertir com os coelhos fugidios, os pássaros que casualmente passam sobrevoando o arvoredo. O Ar é puro e leve, lava-nos os pensamentos, arrasta-os consigo. A Paz ensina-me a viver no seu mundo: ouvir o silêncio, entregar-se ao balanço do vento, olhar o mar distante, esquecer tudo o que poderia causar perturbação. Não trocamos palavras, de mãos dadas, deixamo-nos embriagar pela paisagem que nos rodeia e que vista lá do alto é tão ela e cheia de luminosidade.

Sob os telhados escorregadios adivinham-se s pessoas ocupadas nas lides do dia a dia. Sorrimos com cumplicidade, porque na verdade somos seres privilegiados, sem compromissos, sem obrigações.

Mas alguém nos chama lá de baixo, espreitamos curiosas, é o Apetite – desçam, uma Abelhinha diligente preparou-vos uns petiscos deliciosos -. Descemos para saborear a merenda.

O tempo vai-se afastando e quase sem darmos conta da sua fuga, já o Sol ns pisca o olho, fazendo sinal que quer dormir.

Despeço-me da minha anfitriã, da Paz e do Riso, acompanha-me a Saudade, para recordarmos juntas um dia feliz.

O Nevoeiro cerimonioso vem apresentar-nos os seus cumprimentos de despedida;
Adeus
Nevoeiro amigo
Adeus

Maria80

2 comentários:

Codinome Beija-Flor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Codinome Beija-Flor disse...

Recentemente encontrei a "Amiga Paz", pensei jamais ser possível esse encontro.
Embora ela não me visite todos os dias, mas sei que já faz parte da minha vida.
Fui lendo e sentindo daqui o cheiro do mato, o frescor do vento, a luz que passa entre as frestas da cortina de árvores, fui percebendo a "PAZ" aqui dentro.
Beijos